Adversários do ministro Paulo Guedes (Economia) no governo de Jair Bolsonaro pressionam por uma postura do presidente em relação ao chefe da equipe econômica. Militares e bolsonaristas mais ideológicos veem um “jogar contra” o Palácio do Planalto sempre que possível. Um ministro relatou à Folha de S.Paulo, por exemplo, que Bolsonaro ficou “histérico” quando leu entrevista do secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues, na qual propôs congelamento de aposentadorias por até dois anos para viabilizar o financiamento do Renda Brasil. Foi então que ele chamou Guedes e anunciou o fim do programa neste mandato. A queda do secretário parece ser uma questão de horas, segundo a publicação. Ainda conforme um ministro, ideias da equipe econômica que foram vetadas pelo Palácio do Planalto acabam reaparecendo depois ou na imprensa ou na boca de líderes do Congresso. A crise em torno do nome de Paulo Guedes, visto como um símbolo entre os bolsonaristas, se intenssifica. A ala o aponta como alguém sem compromisso com o presidente, segundo a Folha. Já na ala militar, Guedes é visto como o patrono da tentativa de enterro do Pós-Brasil, plano de infraestrutura do general Walter Braga Netto, da Casa Civil. Também há competição velada do ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) para assumir a Economia, principalmente depois de o ministro ter caído nas graças de Bolsonaro ao incentivar agendas pelo Nordeste. Ainda segundo a Folha, Guedes só se sustenta devido ao peso que ainda tem entre os interlocutores de Bolsonaro no mercado financeiro. Além disso, Guedes incita no presidente o temor de que ele pode sofrer um processo de impeachment, caso rompa o teto constitucional de gastos ou crie despesas não previstas – o maior medo de Bolsonaro.